top of page
  • Mário Rocha

Boavista: toponímia


Imagem área da rotunda da Boavista em 1964. Fonte: Monumentos Desaparecidos

A rotunda da Boavista ou praça Mouzinho de Albuquerque, desde a sua criação, é um local de relevante importância para o dia a dia dos portuenses na cidade do Porto.

Visando a sua toponímia, é possível abordar dois topónimos distintos. Primeiro, Mouzinho de Albuquerque. Foi um oficial de Cavalaria do Exército Português que ficou notavelmente célebre pela sua aptidão em liderar, especialmente, durante as Campanhas de Pacificação da famosa Revolta Vátua em Moçambique, 1894.

Sob uma clara desconfiança e descrédito que se vivia em Portugal, este oficial, com um pequeno número de soldados, detém o chefe Gungunhana, chefe do então Reino de Gaza, na altura um considerável opositor ao colonialismo nacional. Foi transportado para Portugal como troféu onde, já “ocidentalizado”, falece em Angra do Heroísmo. Mouzinho foi amplamente homenageado no Porto, cidade que o presenteou com uma espada de honra, hoje em dia guardada no Museu Militar de Lisboa.


Em segundo lugar, o topónimo Boavista advém do nome de uma quinta situada no Campo de Santo Ovídio, atual Praça da República, desde o século XVIII.

Em 1784, a Câmara Municipal compra gratuitamente esta propriedade e decide abrir um arruamento novo que vai desde a parte norte desta praça até às “Águas Férreas”, atual estação de metro da Lapa. A esta nova artéria da cidade foi atribuído o nome da quinta – Rua da Boavista.

Mais tarde, foi determinado fazer uma extensão, um prolongamento desta rua para sul, ou seja, em direção ao mar. Consequentemente, a toda esta área onde se inclui a rotunda da Boavista, decidiu-se atribuir o mesmo topónimo.


Cemitério de Agramonte. Em pano de fundo, dois edifícios emblemáticos da zona. Fonte: GPSMyCity

Perante um visível e palpável crescimento da cidade durante o século XIX, era necessário construir e desenvolver novos pontos urbanos que constituíssem centros de atratividade social e económica. Desde o final do século XIX, a Boavista é sítio de passagem, por exemplo, de comboio chegavam e partiam aqueles que residiam fora do Porto.


Desde a segunda metade do século XIX, aqui está situado o cemitério público de Agramonte. Com a introdução do liberalismo e conseguintes reformas administrativas, e no seguimento da edificação do cemitério do Prado, sob uma evidente modernização sanitária, o Porto virou-se para o lado ocidental. Em 1855 foi erguido este segundo cemitério público atualmente localizado no antigo Campo de Agramonte. Fazia parte de uma antiga quinta que era propriedade da família Pinho e Sousa, entretanto arrasada aquando o Cerco do Porto.

Neste cemitério é possível identificar jazigos ou mausoléus de figuras públicas distintas como Manoel de Oliveira ou, ainda, Conde Ferreira. Ao mesmo tempo, é possível encontrar um monumento às vítimas do incêndio do teatro Baquet ocorrido em 1888. É ainda de salientar que o Porto com os cemitérios de Agramonte e Prado, faz parte do Comité Diretivo da Association of Significant Cemeteries in Europe.


Casa e Quinta do Bom Sucesso. Fonte: Porto de Antanho

Plano aproximado da fonte junto da Igreja do Bom Sucesso. Fonte: Porto de Antanho

Atualmente onde está situado o restaurante-bar Casa Agrícola, foi local da casa e quinta do Bom Sucesso – o topónimo provém da capela que está junto à casa - erguida no início do séc XVIII por António de Almeida Saraiva.

Através das imagens disponíveis, destaca-se a fonte encostada à capela construída para uso público. Durante a edificação do mercado do Bom Sucesso situado a alguns metros de distância, esta fonte foi levada para a cidade de Barcelos para uma quinta do último proprietário – Oswaldo Rocha Ferreira - falecido em 2001.




Mercado do Bom sucesso a ser construído em frente às instalações da Fundição Bom Sucesso. Fonte: Porto de Antanho

É de salientar, simultaneamente, o património industrial desta zona. Um exemplo é a Fundição Bom sucesso criada em 1895 por Manoel Tavares. Até 1925 esteve situada num barracão nas traseiras da casa amarela no Largo do Bom Sucesso. Sensivelmente a partir desta data, mudou-se para uns terrenos da Rua de Agramonte onde funcionou até ao seu encerramento nos anos 90 do século XX.


Mário Rocha | Contentor

bottom of page